Notícias que vinculam a mamografia ao câncer de tireoide não têm fundamento

Exame mamográfico

Uma notícia que tem circulado recentemente sugere que exames repetidos de mamografia aumentam o risco de câncer de tireoide, causando ansiedade às pacientes que se submetem a este exame anualmente.

Uma das explicações para esta associação é de que o tecido tireoidiano é um dos mais sensíveis à radiação, havendo uma forte associação entre exposição a radiação e câncer de tireoide. Porém, de acordo com uma nota divulgada pela Comissão Nacional de Mamografia do Colégio Brasileiro de Radiologia, esta afirmação não tem base científica pois há diversos estudos publicados que mostram que a mamografia não expõe a tireoide a doses consideradas nocivas.

A nota traz uma tradução do texto original sobre o uso de protetores em mamografia, extraído do documento Quality Assurance Programme for Digital Mammography – IAEA Human Health Series nº 17, página 139, publicado pela Agência Internacional de Energia Atômica, em 2011:

“Na mamografia moderna, há uma exposição insignificante para outros locais sensíveis à radiação que não seja a mama. O principal valor da utilização do vestuário da proteção contra radiações é psicológico. Se tal vestuário deve ser fornecido, só deve ser feito a pedido da paciente. O vestuário não deve ser mantido em exposição na sala de exame. A presença dos aventais e colares na sala de mamografia pode sugerir que seu uso é uma prática aceitável, o que não é o caso.

Tanto cálculos como medidas mostram que a quantidade de radiação atingindo a tireoide durante a mamografia é insignificante. A quantidade de radiação atingindo os ovários é ainda menor, devido à atenuação pela bandeja de suporte da mama e pelo tecido sobrejacente. Virtualmente, todo o feixe de Raios X é bloqueado pela mama e a bandeja de suporte da mama existente no mamógrafo; somente uma fração extremamente pequena de radiação dispersa atinge outras partes do corpo humano. A dose calculada para tireóide para um exame de quatro incidências é menor do que 0,033 mGy. Isso é cerca de 1% da dose que seria recebida pela mama durante o exame e é igual à dose que seria recebida peça tireoide por 3 dias de radiação natural de fundo (nota da tradução: a radiação natural de fundo provém do espaço extraterrestre e de materiais radiativos existentes na crosta terrestre). Em outras palavras, isso seria o equivalente a receber 368 dias de radiação natural de fundo por ano em vez de 365 dias de radiação de fundo que seria recebida sem o exame. A radiação natural de fundo varia de localidade para localidade em valores muito maiores do que este.”

Portanto, de acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica, o uso do protetor de tireoide em exames de mamografia não é recomendado na rotina, devendo ser utilizado apenas nos casos em que a paciente o solicite. É importante sempre informar que a utilização dos protetores pode inclusive atrapalhar o exame, pois se não for bem colocado na paciente, pode ser a causa de repetição nos casos em que a sua imagem se sobrepõe à imagem da mama.

Fonte: Associação Médica Brasileira

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