Mamografia digital no rastreamento do câncer de mama

Recentemente, algumas limitações foram impostas às pacientes sobre a utilização da mamografia digital no rastreamento do câncer de mama. Em função disto, a Comissão Conjunta de Imaginologia Mamária do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), sentiu-se no dever de prestar alguns esclarecimentos sobre as últimas publicações a respeito do tema.

Após a divulgação do estudo DMIST (Digital Mammography Imaging Screening Trial com nível de evidência II-3) em 2005, que demonstrou que a acurácia da mamo-grafia digital na detecção do câncer de mama foi superior à convencional apenas nos subgrupos de mulheres abaixo de 50 anos, naquelas com mamas heterogeneamente densas e/ou extremamente densas, e nas mulheres na pré e peri-menopausa, outros estudos foram publicados sobre o uso da mamografia digital no rastreamento do câncer de mama.

Em 2007, Skane e colaboradores apresentaram os resultados finais do estudo Oslo II. Este foi um estudo randomizado realizado em população local submetida a rastreio mamográfi-co com mamografia convencional (n= 16.985) e mamografia digital (n=6.944) com faixa etária compreendida entre 45 e 69 anos. Foi verificada uma diferença significativa na taxa de detecção de câncer inicial entre a mamografia digital (0,59 %) e a mamografia convencional (0,38%), demonstrando o melhor desempenho da mamografia digital em todas as mulheres até 69 anos (nível de evidência I).

Em 2008, Hambly e colaboradores, analisando os dados do programa nacional de rastreio mamário da Irlanda, concluíram que a mamografia digital apresentou uma taxa de detecção de câncer de mama significantemente mais alta que a mamografia de alta resolução, principalmente nas mulheres com faixa etária compreendida entre 50 e 65 anos (nível de evidência I).

Em 2009, Vinnicombe e colaboradores, em meta análise envolvendo os oito grandes estudos randomizados, observaram que a taxa de detecção da mamografia digital era superior à mamografia convencional nas mulheres com faixa etária até 60 anos (nível de evidência III).

Em 2011, o último guideline publicado pelo Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia, com anuência e concordância do Colégio Americano de Radiologia e da Sociedade Americana de Doenças de Mama, recomendados pelo CBR, Febrasgo e SBM, corroboraram a norma de aplicação da mamografia digital em mulheres com faixa etária entre 40 e 69 anos em função da evidência dos dados científicos publicados.

Portanto, face a essas evidências científicas elencadas, orienta-se os serviços médicos para que revejam as normas divulgadas aos prestadores e autorizem, sem restrições de idade, a mamografia digital no rastreamento do câncer de mama.

Texto da “Comissão Nacional de Qualidade em Mamograíia do CBR, Sociedade Brasileira de Mastologia e Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia”
publicado no  Boletim do CBR Edição nº 296 – Dezembro/2012

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