Radioterapia e Diagnóstico: Como a Tecnologia pode transformar o Combate ao Câncer

No início deste ano, um estudo de grande importância foi publicado, revelando um panorama crítico da radioterapia no contexto global, com um alerta direto sobre a escassez de tratamentos adequados. Este estudo, de The Lancet Oncology, aponta a necessidade urgente até 2045 para suprir a demanda mundial por radioterapia. No Brasil, a realidade é ainda mais alarmante, com um déficit de equipamentos e uma disparidade significativa entre as regiões.

Afinal, entre tantas questões urgentes que atravessamos na saúde brasileira, uma das mais críticas é a disparidade entre o avanço dos diagnósticos por imagem e a disponibilidade de tratamentos oncológicos eficazes, como a radioterapia.

O diagnóstico precoce é essencial, mas ele só tem valor real quando é acompanhado de um tratamento acessível e oportuno. O problema? A radioterapia ainda não avançou no mesmo ritmo que os exames de imagem. E os números evidenciam essa realidade.

Radioterapia: Uma Necessidade em Expansão

Segundo o estudo publicado na The Lancet Oncology, estima-se que até 2045 serão necessários 30.470 aceleradores lineares (LINACs) para atender à demanda global de radioterapia. Hoje, há um déficit de 30% na capacidade global, o que significa que muitos pacientes diagnosticados com câncer simplesmente não têm acesso ao tratamento adequado.

As disparidades entre países são ainda mais preocupantes:

  • Em países de alta renda, um LINAC atende cerca de 432 pacientes por ano.
  • Já em países de baixa renda, cada LINAC atende 6.856 pacientes por ano — um número insustentável.
  • No Brasil, enfrentamos desafios na aquisição, instalação e credenciamento desses equipamentos, impactando diretamente o setor privado, que busca expandir sua infraestrutura de radioterapia.

Diagnóstico e Radioterapia: Duas Faces de uma Mesma Moeda

A tecnologia permitiu avanços significativos na detecção precoce do câncer. Hoje, exames de imagem sofisticados identificam tumores cada vez menores e em estágios iniciais. Mas, se não houver um crescimento proporcional da radioterapia, estamos apenas acelerando diagnósticos sem garantir o tratamento necessário.

O Linear Accelerator Shortage Index (LSI), métrica utilizada no estudo da The Lancet Oncology, mostra que países com LSI acima de 100 já enfrentam escassez de radioterapia. No Brasil, essa situação se agrava devido à complexidade de implementação de novos centros de radioterapia e à necessidade de investimentos robustos em infraestrutura e capacitação profissional.

Investir em Infraestrutura e Conhecimento

O setor privado desempenha um papel essencial na transformação da oncologia no Brasil. Investir em tecnologia de ponta, capacitação de profissionais e expansão de centros de tratamento é o caminho para reduzir esse descompasso.

Além disso, o planejamento estratégico baseado em dados é fundamental. O estudo estima que até 2045 o investimento médio necessário para suprir a demanda de radioterapia será de US$ 162 milhões a US$ 238 milhões por país, dependendo do grau de escassez. Esses números deixam claro que não basta apenas discutir a importância da radioterapia — precisamos de ações concretas para viabilizá-la.

O Futuro da Oncologia: Alinhando Diagnóstico e Tratamento

A realidade do câncer está mudando, e o setor da saúde precisa acompanhar essa evolução. O diagnóstico precoce salva vidas, mas ele só se torna eficaz quando há um tratamento disponível no momento certo.

Se queremos realmente transformar a realidade da oncologia, é hora de equilibrar o investimento em diagnóstico e radioterapia. Apenas assim conseguiremos garantir que mais pacientes tenham acesso a um tratamento eficaz e em tempo hábil.

Vamos continuar essa conversa? Compartilhe sua visão sobre os desafios e oportunidades para a expansão da radioterapia no Brasil.

Escrito por Walmoli Gerber Jr.

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