O aumento do risco de câncer é o efeito final mais importante de exposição à radiação visto em sobreviventes da bomba atômica. Para outros tipos de câncer sólido por exemplo a leucemia, o excesso de risco associado com a radiação começam a aparecer cerca de dez anos após a exposição. Isto foi observado pela primeira vez por um médico japonês, Gensaku Obo, em 1956, e isso levou ele a analisar os índices de mortalidade por câncer possibilitando assim a criação de um banco de dados de registros de tumores nas cidades de Hiroshima e Nagasaki.
Para a maioria dos cânceres sólidos, a exposição a radiação aguda em qualquer idade aumenta o risco de de desenvolver o câncer. Para os sobreviventes submetidos a uma exposição média de radiação em um raio de 2.500 metros do local da explosão (exposição de cerca de 0,2 Gy), o aumento dos tumores sólidos é de cerca de 10% maior do que pessoas que não foram submetidas a exposições decorridas da bomba atômica . Para uma dose de 1,0 Gy, o aumento de índice de aparecimento de tumores sólidos correspondente é de cerca de 50% (risco relativo = 1,5). Os tumores começaram a ser registrados em 1957 em Hiroshima e 1958 em Nagasaki. Durante o período de 1958 a 1998, 7.851 neoplasias malignas foram observadas, entre 44.635 sobreviventes com doses estimadas de > 0,005 Gy. O excesso de número de tumores sólidos é estimada como 848 (10,7%) (Tabela 1). A relação dose-resposta parece ser linear, sem nenhum limiar aparente abaixo dos quais não podem ocorrer efeitos (Figura 1).
A probabilidade de que um sobrevivente da bomba atômica terá um câncer radioinduzido depende da dose recebida, a idade de exposição e o sexo. A Figura 2 representa o excesso de risco relativo e excesso de risco absoluto expostos a um Gy. Ambas as expressões de excesso de risco indicam que maiores riscos estão associados a indivíduos mais jovens . Outras análises (não mostradas) indicam que as mulheres têm um risco um pouco maior de desenvolver câncer radioinduzido do que os homens.
Referências
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