O Estádio do Maracanã recebeu, no último dia 23 de maio, um exercício simulado de segurança radiológica e nuclear, coordenado pelo Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD), centro de referência nacional para acidentes nucleares e emergências radiológicas.
O evento fez parte de um curso de treinamento ministrado por especialistas do Departamento de Energia (DOE) dos Estados Unidos e da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), entre os dias 20 e 24 de maio, na sede do IRD, no Recreio dos Bandeirantes, RJ.
Os participantes do simulado no Maracanã integram equipes da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) que atuarão durante da Copa das Confederações, entre os dias 15 e 30 de junho, nas seis cidades sede do torneio. O treinamento foi realizado com âmbito do acordo bilateral de cooperação técnica entre os Governos do Brasil e dos Estados Unidos. Por esse acordo, além do intercâmbio de informações e de conhecimento técnico, foram emprestados instrumentos especializados em detecção de radiações, que irão complementar a infraestrutura do IRD e de outras unidades da CNEN. Um desses equipamentos especiais pode ser instalado em veículos ou helicópteros para o rastreamento e identificação de materiais radioativos. Cada cidade sede receberá pelo menos um equipamento desse tipo.
Para a segurança dos eventos são realizadas varreduras radiológicas e vistorias visando proteger o público, os atletas e demais envolvidos. As cidades sede dos jogos contam com equipes montadas para atender cada competição e dar suporte para o caso de emergência.
O treinamento
Desde a realização dos Jogos Panamericanos no Rio de Janeiro em 2007, o Brasil vem capacitando seus especialistas de forma a atuar em ações de prevenção, detecção e resposta à utilização ilícita de materiais nucleares e radioativos durante grandes eventos. Além da Copa das Confederações Fifa-2013, o mesmo trabalho será realizado durante a Jornada Mundial da Juventude em julho de 2013, a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. No exercício simulado, foram treinados servidores do Ceará, Pernambuco, Minas Gerais, Brasília e Goiânia, cidades onde existem unidades da CNEN. Em Salvador, cidade que receberá jogos da Copa das Confederações mas não conta com representação do órgão, serão deslocados profissionais para a realização do trabalho durante todo o período da competição.
As equipes técnicas irão realizar vistorias radiológicas e nucleares em instalações estratégicas como estádios, centros oficiais de treinamento, hotéis e aeroportos, assim como a monitoração radiológica e nuclear no controle de acesso de público nos estádios. De prontidão, fica uma equipe de resposta a ocorrências de natureza radiológica e nuclear, em suporte às Forças de Segurança Pública. Outra equipe, especializada em resposta a emergências radiológicas e nucleares, é mantida em regime de sobreaviso.
O jogo Brasil x Inglaterra, no dia 2 de junho, no Maracanã, serviu como evento-teste para toda a estrutura montada. Antes da partida, foi feita uma varredura integrada, para identificação de ameaças químicas, biológicas, radiológicas e nucleares, sendo da competência da CNEN os dois últimos. A varredura completa é feita uma vez por estádio e pode também ser feita por demanda. Cabe ao pessoal da área de inteligência do Centro Integrado de Comando e Controle Regional solicitar algum monitoramento específico.
“Há um conjunto de atividades programadas que vão desde a entrega do estádio para a FIFA até a realização dos jogos. Alguns dias antes da utilização do estádio, uma vistoria completa é realizada. Há vistoria dos Bombeiros, da Defesa Civil e outra para comprovar que o estádio está livre de qualquer ameaça radiológica e nuclear, assim como explosivos, materiais químicos ou biológicos”, explica o chefe da Divisão de Atendimento a Emergências do IRD, Raul dos Santos.
Existem equipamentos simples que são utilizados, por exemplo, no controle de acesso de público e de carga. Caso seja detectado que há presença de material radioativo, são empregados equipamentos mais sensíveis, capazes de identificar qual é esse material.
“Foi demonstrado desde a Olimpíada de 2004 na Grécia e na Copa da Alemanha em 2006 e competições subsequentes a necessidade de incluir no projeto de segurança de grandes eventos ações dessa natureza. Fomos o quarto país no mundo a empregar essas técnicas”, completa Santos.