Introdução
A ressonância magnética, tomografia computadorizada, medicina nuclear, Raios X, radioterapia, Ultra-som, são alguns exemplos de setores onde o físico médico atua. O campo da física médica como a conhecemos hoje começou com a descoberta dos Raios X e da radioatividade em 1890. A primeira radiografia foi feita pelo o físico Wilhelm Conrad Roentgen (1845-1923) em seu laboratório da Universidade de Wurzburg, na Alemanha. Foi uma radiografia da mão de sua esposa. Por suas investigações científicas sobre os Raios X, ele recebeu o primeiro prêmio Nobel de física em 1901.
Durante a década de 1930 e nos anos subsequentes, com o desenvolvimento do cíclotron e do reator de fissão, radioisótopos puderam ser produzidos artificialmente e foram imediatamente utilizados para procedimentos terapêuticos e laboratoriais dando inicio assim a Medicina Nuclear. O uso clínico generalizado da Medicina Nuclear começou no início dos anos 1950 com o conhecimento mais ampliado sobre as propriedades dos radionuclídeos e da detecção da radioatividade.
Os Físicos Médicos foram também essenciais na utilização de radiação como um tratamento para o câncer. O físico canadense, Harold Johns (1915-1998), desenvolveu na década de 1940 a primeira Unidade de Terapia por Cobalto, para o tratamento de tumores. O primeiro tratamento de um paciente usando o Cobalto foi realizado em Londres, em 27 de Outubro de 1951.
Mais recentemente a Ressonância Magnética Nuclear foi introduzida na medicina para obtenção de imagens do interior do corpo Humano, ela é um fenômeno físico que não utiliza radiação ionizante e foi inicialmente descrita por Isidor Isaac Rabi que ganhou premio Nobel de Física em 1944 por sua descoberta. Em 1977 a primeira Ressonância Magnética de corpo inteiro foi realizada.
A física tem contribuído positivamente para o avanço das áreas de diagnóstico e terapia, sendo ela essencial para o avanço da medicina. Além de atuar na pesquisa e no desenvolvimento de novas tecnologias os físicos médicos atuam na realização de controles de qualidade, levantamentos radiométricos, cálculos de blindagem, planejamento de terapias e na marcação de radiofármacos, sempre buscando reduzir à exposição do paciente a radiação e a melhora da qualidade das imagens obtidas.
Quem são os físicos médicos?
Físicos médicos são profissionais da saúde com formação especializada nas aplicações médicas da física. Seu trabalho muitas vezes envolve a utilização de Raios X, ultra-som, campos magnéticos e elétricos, luz infra-vermelha e ultravioleta, calor e laser no diagnóstico e na terapia. Os físicos médicos geralmente são empregados em serviços hospitalares de diagnóstico por imagem, instalações de tratamento de câncer, ou em centros de investigação hospitalar.
O que os físicos médicos fazer?
A maioria dos físicos médicos trabalham em uma ou mais das seguintes áreas:
- Serviço clínico
As responsabilidades de um físico médico clínico estão relacionadas predominantemente nas áreas de terapia e diagnóstico por imagem. As funções
de um físico médico na radioterapia incluem o planejamento do tratamento, calibração dos equipamentos radioterápicos e na resolução de problemas. As funções de um físico médico em radiodiagnóstico incluem a compra e instalação dos equipamentos de diagnóstico, controle de qualidade dos aparelhos, pós-processamento de imagens médicas e a realização treinamentos. Na medicina nuclear o físico médico realiza terapias e diagnóstico atuando também no controle de fontes e rejeitos radioativos, calibração dos equipamentos, treinamento de pessoal, marcação e fabricação de radiofármacos.
- Proteção radiológica
Na proteção radiológica os físicos médicos atuam na avaliação e investigação de Doses recebidas por trabalhadores, realização de levantamentos radiométricos e cálculos de blindagem, avaliação de EPI’s e EPC’s , atualização de protocolos , criação e manutenção do plano e do programa de radioproteção.
- Pesquisa e Desenvolvimento
Físicos médicos desempenham um papel fundamental na concepção e construção de equipamentos e softwares para o tratamento e o diagnóstico, além de pesquisar a utilização de novas tecnologias para o tratamento de cânceres, os físicos continuamente buscam a melhoria dos métodos de aquisição de imagem visando a redução da dose de radiação ao paciente.
Ensino
No Brasil muitos físicos médicos lecionam em universidades em cursos de graduação e pós-graduação e em cursos técnicos. Eles também ensinam radiologia e radioterapia à residentes de oncologia, estudantes de medicina e radiologia, radioterapia e medicina nuclear.
Reconhecimento profissional
No Brasil o reconhecimento da qualificação de profissionais que atuam na área de Física aplicada à Medicina é realizado através da concessão do Título de Especialista emitido pela Associação Brasileira de Física Médica (ABFM) nas áreas de Radioterapia, Radiodiagnóstico e Medicina Nuclear. A Comissão Nacional de Energia Nuclear também concede também uma certificação da qualificação de supervisores de proteção radiológica. A certificação é voltada aos profissionais que possuam experiência operacional nas áreas de: medicina nuclear, radioterapia, aplicações industriais, reatores nucleares, ciclo do combustível nuclear, transporte e rejeitos.
Programas de Formação Física Médica
No Brasil até a data de publicação deste artigo existiam no site do Ministério da Educação (MEC) 8 cursos de graduação em física médica reconhecidos como pode ser visualizado na tabela abaixo.
Além dos cursos de física médica, existem os cursos de bacharelado em física com habilitação em física médica. Os cursos de licenciatura e bacharelado em física também são aceitos para os programas de aprimoramento, residência e mestrado em física médica. Após a conclusão da graduação, o estudante pode optar em ingressar em um programa de aprimoramento, ou residência em física médica. Segundo a ABFM existem no Brasil 10 programas de aprimoramento em física médica, 2 programas de especialização e 9 programas de mestrado e doutorado.
Referências:
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