Cnen enfrenta o desafio da formação de recursos humanos

IAEA-Water-Storage-TanksA Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) quer que o setor nuclear volte a contar com um programa de formação de recursos humanos, a exemplo do existente nos anos 70, que foi desativado com a paralisação do Programa Nuclear Brasileiro.

Desde então, a formação e o treinamento de mão de obra especializada passou a ser feita pelas próprias empresas e instituições, na medida de suas necessidades e do ritmo (lento) das contratações. Entretanto, com a retomada do crescimento do setor nuclear – verificado através de iniciativas como o investimento da Marinha no desenvolvimento da tecnologia do ciclo do combustível e do submarino nuclear, a construção de Angra 3 e a disseminação das aplicações das técnicas nucleares em diversos setores, com destaque para a área médica –, constata-se uma carência de profissionais com formação especializada, principalmente em questões envolvendo radiação e segurança. Para sustentar esse crescimento, a Cnen enfatizou, em seu programa de ação, a criação de medidas relacionadas à formação de recursos humanos.

Há cerca de sete anos, e em ritmo crescente, a Comissão vem tomando iniciativas nesse sentido. Uma delas é a oferta de bolsas de estudo, inicialmente em nível de mestrado e doutorado, em várias áreas do setor nuclear. Já para o nível de graduação, as bolsas são concedidas através dos programas de iniciação científica, em parceria com o Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq). Mas a tendência é que sejam criados novos programas para esse nível. “Estamos, na medida do possível, apoiando programas de graduação que tenham atividades relacionadas com a área nuclear. É uma atividade que tem se ampliado e que deve crescer ainda mais”, informa o coordenador-geral de Planejamento e Avaliação, Francisco Rondinelli.

Com a consolidação do setor nuclear no país, a Cnen está estruturando um projeto de comunicação e informação à sociedade (CIS). O projeto CIS conta, entre outras iniciativas, com o programa Cnen nas Escolas, pelo qual são realizadas palestras em escolas de primeiro e segundo grau com o objetivo de esclarecer questões polêmicas envolvendo o funcionamento das usinas nucleares e levar informações sobre a tecnologia nuclear e suas diversas aplicações, além da geração de energia. “O objetivo do projeto CIS é estreitar o contato do setor nuclear com a sociedade e com os meios de comunicação, procurando levar informações relevantes sobre questões que são do interesse das comunidades”, informa Rondinelli. Ele cita como exemplo a definição do local onde será construído o repositório dos rejeitos radioativos de baixa e média atividade produzidos pelas usinas nucleares brasileiras. “Embora esses rejeitos já sejam adequadamente tratados e armazenados nos galpões das usinas, há um projeto de se construir um sítio para sua deposição definitiva. Portanto, será muito importante esclarecer a população local o que significa a construção dessa instalação radioativa, mostrando que não gera riscos e quais são os mecanismos de monitoramento de segurança de que dispõe”, explica. “Queremos estar mais próximos da sociedade e não deixar nenhuma questão sem esclarecimento”, completa.

Há carência de profissionais com formação especializada, principalmente em questões envolvendo radiação e segurança

Saúde

A saúde é a área onde a tecnologia nuclear vem se disseminando mais aceleradamente. O aperfeiçoamento das técnicas de radiodiagnóstico, que ampliam e melhoram o grau de precisão dos exames e, com isso, de prevenção de doenças e de antecipação do tratamento, tem contribuído para disseminar o emprego da medicina nuclear não só na área privada como no apoio aos programas de saúde pública. “Trata-se de uma área bastante dinâmica, que conta com a participação da iniciativa privada e que amplia a oferta de postos no setor nuclear”, explica Rondinelli. Com a entrada em operação do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), prevista para 2018, a previsão é de um crescimento ainda maior.

Este é o caso dos radioisótopos de meia-vida curta, cuja produção foi retirada do regime de monopólio e passou a ser feita também por instituições privadas – meia-vida é o tempo em que a substância perde metade de sua atividade radioativa. Este é o caso do flúor-desoxiglicose (18FDG), utilizado em tomógrafos PET, que produzem imagens de alta resolução empregadas no diagnóstico do câncer, doenças cardiovasculares e pulmonares, dentre outras. Com a medida, a produção do radiofármaco, antes exclusiva dos institutos de pesquisa nuclear ligados à Cnen, foi liberada para hospitais e centros de medicina nuclear capazes de investir na aquisição e instalação de cíclotrons. Atualmente, estão em funcionamento 13 cíclotrons, sendo que nove são em instalações privadas e outros quatro nos institutos da Cnen (Ipen, CDTN, CRCN e IEN). Os cíclotrons da iniciativa privada estão em São Paulo (quatro), Rio Grande do Sul (dois), Paraná, Brasília e Bahia. Outros seis pedidos de licenciamento estão em análise na Cnen.

O país já conta com 92 tomógrafos PET. A previsão é de um grande aumento no número desses equipamentos, principalmente a partir do momento em que o Ministério da Saúde autorizar o procedimento para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo a coordenadora geral de Instalações Médicas e Industriais da Cnen, Maria Helena Marechal, já existe o convencimento, por parte do Ministério da Saúde da necessidade do SUS em absorver esse procedimento. Ela acredita que a liberação ocorra ainda este ano.

Tabela SUS Outubro de 2013 - Matéria Especial Cnen

 

Referências

 TEIXEIRA, Lúcia. Cnen enfrenta o desafio da formação de recursos humanos. Disponível em: <http://www.aben.com.br/revista-brasil-nuclear/edicao-n-41/especial_6#noticia>. Acesso em: 09 jul. 2014.

 

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